sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Nem por instante pude sentir que ele estava tão perto de mim, acho que estava perdida na brisa que entrelaçava meus olhos e meu cabelo.
Me virei para pegar um copo para encher de drinque e...
Só tive tempo de olhar por três segundos naqueles olhos tão pretos e grandes antes que ele se virasse e fosse embora.
Quando percebi quem era não consegui reagir e nem mesmo saí do lugar.
Estava lá paralisada e desacreditando que o vi.
Mas só foram três segundos... poderia ser uma ilusão.
Minha vida vinha sendo um deserto árido durante muito tempo, não me espantava em ter alucinações e miragens;
Mas algo me dizia que não era.

Continuei trabalhando, mas a boate não me parecia a mesma desde então.
-Ei, me dá uma vodka "ae" por favor. - Juro eu nem ouvi aquele moço falar - "O" garota, "tá" surda? Pedi uma vodka.
-Ah, desculpa... aqui. - eu nem olhei para ele, estava ainda procurando o...
-"Ow", isso aqui é um energético; gata, eu pedi vodka.
-Olha... desculpa, vou fazer.
-Você vai fazer vodka?
-Ãh? o quê você disse?
-Deixa a o vodka de lado vai... nossa como você é estranha.
-Me vê duas caipirinhas bem no capricho! - outro cara apareceu no balcão.
Eu não conseguia pensar, eu nem prestava atenção no que eles diziam, eu estava atordada com a minha alucinação que nem conseguia raciocinar.
-Eu te ajudo. - disse o primeiro cara que eu dei o energético por engano... ele pulou para dentro do balcão e pegou a garrafa de pinga e separou dos copos.
-O quê você está fazendo? - pela primeira vez olhei para a cara do sujeito.
-Caipirinha! - ele pegou um limão e cortou em quatro partes nada iguais, colocou duas em cada copo; dividiu um pouco da pinga nos copos, amassou o limão com um soquete, colocou um pouco de água, mel e caldo de limão... não era que o inrtruso sabia fazer uma caipirinha! Completou com gelo e misturou bem, pôs canudos no copo e enfeitou com limão... - Aqui está!
-Valeu.
-Ei, por quê você fez isso? Você não pode ir pulando para dentro do balcão e fazer um caipirinha sem mais ou menos.
-Se eu fosse deixar para você fazer com certeza você teria feito uma caipiroska! Do jeito que você está meio perdida... Você por acaso é nova? Tipo nunca tinha trabalhado numa boate?
-Não... já faz um tempo que eu trabalho com isso.
-E consegue confundir vodka com energético? - ele disse isso de um jeito tão irônico que eu não pude deixar de sorrir e percebi que ele estava começando a fazer amarula.
-É que ue não estou nos meus melhores dias...
-TPM?
-Ah não, sei lá, só não estou bem... mas você não pode ficar aqui e ir fazendo as coisas!
-Ei, o certo seria obrigado... Relaxa eu te ajudo... Você não está bem né... - ele terminou a amarula e me deu - toma, bebe, a melhor coisa a fazer quando se está mal é encher a cara - e deu um sorriso tão bonito.
-Eu estou trabalhando, não posso beber em serviço...
-Ah "qualé" tu bebe de graça e fica fazendo charminho? -ele pegou uma vodka e saiu detrás do balcão - Já que não quer eu cuido dessa também, mas vou avisando: a minha amarula é perfeita! - antes que ele pegasse o copo da minha mão eu bebi, nem sei como virei aquilo. - Caramba! Você é estranha...
-Acho que vou para casa...
-Eu levaria uma garrafa de pinga, só para passar o tempo e poder de alguma forma... ah deixa para lá, você não parece do tipo que enche a cara quando tem um problema.
-Ah não, não mesmo... acho que de tanto ter bebidas ao meu redor eu me enjooei delas! Mas acho que dessa vez não é uma má idéia. -peguei três garrfas de pinga...
-Ei, onde você vai com tudo isso?
-Já falei para casa!

E saí abraçada às garrafas e peguei minha bolsa e bati a porta. Andava desnorteada... Onde ficava minha casa mesmo? Abri uma garrafa e virei um belo gole garganta abaixo... aquilo queimou mas, virei mais uma vez e queimou mais ainda. Sentei na calçada de deixei o mal estar tomar conta de mim e a tontura fazer o mundo girar. Droga! Pensei em virar mais um gole mas acabei desistindo, eu não era assim... Por quê ele tinha que aparecer lá? Por quê ele queria me incomodar depois de tanto tempo?

-Hum, precisa de ajuda ainda?
-Ãh? - era o cara que tinha feito a caipirinha...
-É, precisa de ajuda?
-Ah não... não preciso fazer nunhuma bebida agora... valeu.
Ele riu, como ele tinha um sorriso bonito, e acho que ele percebeu que eu o olhava como uma besta.
-Então tá, vou ficar aqui até você ficar sóbria...
Droga eu comecei a soluçar... e me bateu um soninho...

Acordei nos ombros dele, ele estava fumando.
-Ai, foi mal, eu não faço essa coisas...
-Tudo bem, sempre tem a primeira vez não é...
Eu ainda me sentia mal e minha cabeça parecia ter mil toneladas! - Bom vou para a casa.
-Você disse a mesma coisa lá na boate e está numa sarjeta - ele era muito irônico, mas era divertido.
-Ah, dessa vez eu "to" falando sério... "brigada".
-Você sempre é assim?
-Não, foi bem atípico, não faço isso, não sou assim... é que...
-Não estou falando de encher a cara e ficar soluçando bêbada numa sarjeta... se você disse que é a primeira vez eu acredito! "To" falando de fazer as coisas erradas em momentos oportunos: como me mandar sair do balcão quando era para dizer obrigada, ou me beijar ao invés de ir para a sua casa... - ele nem esperou uma resposta minha, colocou suas mãos macias na minha nuca e me puxou mais para perto dele... juntou seus lábios aos meus e me beijou ainda de olhos abertos olhando fixamente para mim... eu não pude resistir... olhei para ele também fixamente...

naquele dia novos olhos pretos e grandes tomaram conta dos meus devaneios...

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