quinta-feira, 2 de julho de 2009

-AHHHHHHHHH
Foi a primeira coisa que ouvi quando acordei, na realidade acordei porque ouvi aquilo.
-AHHHHHHHHH, quantas vezes terei de fingir que está tudo bem? Por quanto tempo mais me farei de muda, de surda, de cega... ou melhor de besta? Já estou cansada e farta desse seu lero-lero inacabável... às vezes quero te estrangular até você bater as botas, quem sabe assim eu teria um pouco de vida! Só não faço isso porque sei que se você morresse eu também morreria...
Mas o que era aquilo? Aquelas palavras soavam como se fossem para mim numa tentativa de me intimidar e me constranger.
-A propósito você já olhou no espelho hoje? Vamos, tire essa bunda preguiçosa da cama e levante! Vá ver como está essa sua cara-de-pau, tenta enganar a todos mas a mim você não engana e nem a si mesma não é...? Olhe para o espelho e tente se enganar...
Ora tais palavras eram realmente para mim! Quem era essa louca, de onde saíra...? E o pior: porque me atacava? Quem disse que eu queria levantar da cama? Eu queria era dormir mais! A cama estava mais macia e mais quentinha do que nunca! Até parece que eu ficaria ali perdendo tempo ouvindo uma louca gritar em plena 11:00 horas de uma manhã de domingo... Ah era demais para mim; virei para a parede e tentei pegar no sono de novo - e ai dela se abrisse a boca e soltasse aquela voz de gralha de novo.
-Isso... vá dormir... é a melhor coisa que se tem a fazer diante da vida miserável e sem graça que levamos, é bem mais fácil fechar os olhos para as coisas do que ter que enfrentá-las.
Mas eu não pude acreditar!!! Filha da mãe, qual era o problema dessa garota? EU SÓ QUERO DORMIR!!!! era tão difícil ela entender isso? E como assim vida que levamos? Cada vez mais eu me certificava que ela era louca...
-Quanto mais você finge estar tudo bem, quanto mais você foge das coisas...
Eu já não conseguia dormir e essa louca não calava a boca, pois é, cansei de tentar descansar, vou ter que ir lá ver a cara dessa retardada e resolver essa baixaria!
-Você sempre se esquiva das coisas quando era para tomar as rédeas delas...
Já nem ouvia o que ela dizia, só sentia o soar da sua voz em meus tímpanos e cada vez mais eu queria chagar até ela e enforcar o pescoço dessa dissimulada...
-Quando é que você vai deixar de fingir que vive e começar a viver?
Quando ela disse isso eu não pude deixar de prestar atenção... era isso que ela queria desde o início: me atacar; e dessa vez ela conseguiu... Olhei diretamente para o canto de onde vinha aquela voz ridícula e quando vi mal pude acreditar... era eu ali, lutando comigo mesma... a única coisa que pude dizer foi: "Prefiro fingir que vivo ao deixar de viver..." E já sabendo do que se tratava, dei as costas e voltei para a cama...
dando um alô tchau... até um outro momento em que me volte a criatividade... ahhh um beijo!

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